A Indústria Gráfica em Transformação: Tendências e Desafios para 2025
27/10/2024No retorno do canal PAPONET, a tradicional conversa com Hamilton Terni Costa, consultor internacional e membro do CIGLAT (Ciglat – Centro de Inteligencia Gráfica para a América Latina http://www.ciglat.com), trouxe uma perspectiva enriquecedora sobre as tendências e os desafios da indústria gráfica para 2025. Após um ano sabático, Paulo e Hamilton retomaram o papo abordando as inovações tecnológicas, o desempenho do setor gráfico em 2024, e as expectativas para o próximo ano. A entrevista, que marcou o início da nova temporada do PAPONET, explorou desde as mudanças econômicas até o papel crescente das consultorias e mentorias no setor.
Um Ano de Extremismos: Como 2024 Moldou o Cenário Gráfico
Hamilton abriu a conversa refletindo sobre 2024 como um ano de extremos. “Uma economia brasileira que começou com boa surpresa, com crescimento no primeiro trimestre, teve uma certa desaceleração no segundo trimestre, mas se manteve forte no segundo semestre,” destacou. Ele apontou as incertezas globais, como as eleições nos Estados Unidos, que podem impactar diretamente o setor com oscilações no câmbio e custos de produção.
No contexto gráfico, Hamilton observou que o setor continua a evoluir com novas aplicações e materiais, deixando de ser restrito à impressão em papel. “O novo mundo da impressão das coisas” é uma tendência evidente, com crescimento em nichos como móveis, cerâmica, vestuário e tecidos. A impressão de objetos e diferentes superfícies tem se tornado uma realidade, abrindo novas oportunidades para as gráficas.
Impacto das Eleições e o Papel das Pequenas e Médias Empresas
Outro ponto de destaque foi o impacto das eleições brasileiras, que representaram um verdadeiro “13º mês” para muitas gráficas. A demanda por materiais impressos para campanhas políticas, como panfletos, flâmulas e banners, gerou um volume significativo de negócios. Isso evidenciou a resiliência da mídia impressa, mesmo em um contexto de crescente digitalização.
Hamilton mencionou que o setor gráfico é majoritariamente composto por micro e pequenas empresas, que atuam em nichos específicos. “Esse segmento viu um crescimento continuado na personalização e na impressão sob demanda,” comentou, destacando especialmente o mercado de rótulos e embalagens, que apresentou crescimento de cerca de 4% no primeiro semestre de 2024.
A Nova Gráfica: Automação, Tecnologia e Investimento
Ao falar sobre o futuro do setor, Hamilton trouxe à tona o conceito da “Nova Gráfica”. Durante a Drupa, uma das maiores feiras de impressão do mundo, ele percebeu um setor cada vez mais automatizado e inteligente, com equipamentos integrados para otimizar a produção. Ele comparou a experiência à de “um espelho invertido”, onde o reflexo mostrava o futuro que as gráficas precisam alcançar.
Os números impressionam: em 2023, o setor gráfico investiu 980 milhões de dólares na importação de equipamentos. Para 2024, a expectativa é de ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares em importações. “Isso indica uma recuperação de produtividade e uma adequação das empresas às novas condições do mercado,” afirmou Hamilton. A busca por inovação tecnológica abrange desde impressoras offset até soluções de acabamento e impressão digital.
O Desafio da Competição e a Transformação do Modelo de Negócio
Apesar das perspectivas otimistas, o caminho não é isento de desafios. O mercado gráfico global encolheu durante a pandemia e já vinha mostrando sinais de retração antes disso. A competição aumentou, exigindo das empresas não apenas uma modernização tecnológica, mas também uma reestruturação mental e organizacional.
“Não é apenas dominar a tecnologia; é necessário repensar toda a abordagem ao cliente e às operações internas,” explicou Hamilton. Ele enfatizou a importância das gráficas se tornarem fornecedoras de soluções, em vez de simplesmente venderem produtos impressos. A era de mostrar apenas máquinas de alta tecnologia nos sites das empresas ficou para trás. O foco deve estar nos serviços e nas soluções oferecidas ao cliente.
Essa transição exige também uma transformação digital dentro das empresas, com a adoção de processos multifacetados e multicanais para atendimento ao cliente. As integrações tecnológicas com os clientes se tornarão cada vez mais essenciais, ultrapassando a simples troca de arquivos e incorporando uma colaboração mais profunda.
Consultoria e Mentoria: A Relevância Crescente no Setor
Com a complexidade crescente do mercado, a demanda por consultoria e mentoria tem se intensificado. Hamilton, pioneiro em consultoria gráfica, observa que os empresários estão cada vez mais abertos a buscar orientação. “Antes, muitos empresários gráficos eram autossuficientes, confiando apenas na própria experiência. Hoje, vemos uma aceitação maior da mentoria e da consultoria, com os empresários percebendo que precisam de apoio para navegar as mudanças do mercado,” refletiu.
Perspectivas para 2025: Crescimento com Cautela
Para o próximo ano, as expectativas são positivas, mas os desafios continuam. O crescimento econômico projetado para 2025 pode trazer benefícios para o setor gráfico, especialmente se o Brasil conseguir manter a estabilidade e avançar em políticas públicas que favoreçam o investimento e a inovação.
Hamilton ressaltou que a atração de jovens talentos para o setor gráfico será fundamental. A geração Z, com uma abordagem diferente ao trabalho e à autoridade, precisa ser integrada de forma eficaz. A participação crescente das mulheres na indústria também foi apontada como um fator positivo, contribuindo para a diversificação e inovação no setor.
Conclusão
O setor gráfico está em meio a uma transformação significativa. As empresas que conseguirem se adaptar às novas tecnologias, reestruturar seus modelos de negócio e atender às demandas crescentes dos clientes sairão na frente. A entrevista com Hamilton Terni Costa mostrou que, embora o caminho seja desafiador, as oportunidades são vastas para aqueles dispostos a inovar e investir. O PAPONET seguirá acompanhando de perto essas mudanças, trazendo discussões e insights valiosos para o mercado.
Veja a entrevista completa em nosso canal no YOUTUBE: